Pause dans la douleur
terça-feira, 29 de março de 2011
Não tomaria teu lugar
O meu desejo era ardente
O meu verdadeiro par
Você era o meu castigo
Me tornei seu prisioneiro
Se pra mim você faltar
Hoje estou enfraquecido
Maltrapilho, abandonado
segunda-feira, 28 de março de 2011
E que faz a terra voar
E o pedaço de céu que bate no chão
É o pouco que serve pra abaixar
A poeira, a poeira
Mas venha ver como é
Repare o povo daqui
Que é homem mesmo sendo mulher
Que ascende vela quando vai dormir
E clareia, clareia
Com a cabeça sem lenço ou chapéu
Pedindo a Frei Damião
E o olho com sede no céu
Qualquer nuvem perdida na imensidão
Que encandeia, encandeia
O céu chorou de pena
O céu chorou de pena
O céu chorou...
Vendo a fome vendo a seca
De pena...
Lágrimas sobre o sertão
O céu chorou...
Mas o céu nem sempre chora
De pena
O céu chorou de pena
Vendo a fome dos meninos
e a prece do povo na novena
O céu chorou de pena
vendo a fome dos meninos
e o choro das velhas nas novenas
O céu chorou de pena
Pablo Patriota
sexta-feira, 25 de março de 2011
quinta-feira, 17 de março de 2011
Massinha de Avuá!
Eu quero uma massa, dessas de levar pra mó de viajar.
Eu quero uma massa pra mó de ver a lua clariar meus ói, pra lua dos meus ói ficar vermeia que nem os meus beijo.
Eu quero uma viagem massa dessa massa feita do natural.
Eu quero uma massa no mêi do terreiro.
Eu quero essa massa de guerreiro, de viajante e astronarta.
Eu quero ver os bode avuár mó dessa massinha massa!
Eu quero essa minha raíz, essa raíz massa da minha terra sangrada.
Eu quero esse sangue ardente no mêi do meu juízo.
Eu quero cruzar essa estrada seca e cheia de onça e de esperança.
Eu quero uma dose de cana pra mó de arrumar a cama pra nessa massa eu viajá!
Eu quero o meu bisaco nas costa preu ir guardano meus sonho, meus desalinho de menino-moço.
Eu quero esse tambô tocano pra mó de animar esse povo.
Esse povo, essa massa que tem um medo danado da massa, da massinha de avuá!
Diego Souza.
quarta-feira, 16 de março de 2011
terça-feira, 15 de março de 2011
Gosto dele assim, passou a brincadeira, e ele é pra mim...
Encontrei o meu pedaço na avenida de camisa amarela
Cantando a Florisbela, oi, a Florisbela
Convidei-o a voltar pra casa em minha companhia
Exibiu-me um sorriso de ironia
Desapareceu no turbilhão da galeria
Não estava nada bom, o meu pedaço na verdade
Estava bem mamado, bem chumbado, atravessado
Foi por aí cambaleando se acabando num cordão
Com um reco-reco na mão
Depois o encontrei num café zurrapa do Largo da Lapa
Folião de raça bebendo o quinto gole de cachaça
Isso não é chalaça!
Voltou às quatro horas da manhã mas só na quarta-feira
Cantando "A jardineira", oi, "A jardineira"
Me pediu ainda zonzo um copo d’água com bicarbonato
Meu pedaço estava ruim de fato pois caiu na cama e não tirou nem o sapato
Roncou uma semana
Despertou mal-humorado
Quis brigar comigo
Que perigo, mas não ligo!
O meu pedaço me domina
Me fascina, ele é o tal
Por isso não levo mal
Pegou a camisa, a camisa Amarela botou fogo nela
Gosto dele assim
Passou a brincadeira e ele é pra mim, meu senhor do bomfim
Passou a brincadeira e ele é pra mim ...
Nara Leão
domingo, 13 de março de 2011
Tô nos braços de mamãe
Pra ela me acarinhar.
Apareça valentão, para me tirar de lá.
Nos braços dela eu vou morar!
Tinha orgulho em ser criança
E também em estudar.
Aprender coisas da vida - que venha me ajudar.
Nos braços dela eu vou morar!
Tô nos braços de mamãe
Pra ela me acarinhar.
Apareça valentão, para me tirar de lá.
Nos braços dela eu vou morar!
Saber falar com mamãe,
Também agradar papai.
A data comemorar - tenho deus pra me ajudar
Nos braços dela eu vou morar!
Coco Raízes de Arcoverde
Diego Souza
sexta-feira, 11 de março de 2011
No telhado um letreiro esfumaçado
Candeeiro no peito iluminado
O cigarro no dedo incendiário
O cinzeiro esperando o comentário
Da palavra carvão fogo de vela
Meus dois olhos pregados na janela
Vendo a hora ela entrar nessa cidade
Tô fumando o cigarro da saudade
E a fumaça escrevendo o nome dela
O prazer de quem tem saudade
é saudade todo dia
O prazer de quem tem saudade
é saudade todo dia
Ela é maltratadeira
Além de ser matadeira
ô saudade companheira
De quem não tem companhia
Eu vou casar com a saudade
Numa madrugada fria
Na saúde e na doença
Na tristeza e na alegria
Quando o sono não chegar
No mais distante lugar
No deserto beira mar
Dia e noite noite e dia
( Cordel do fogo encantado
quinta-feira, 10 de março de 2011
terça-feira, 8 de março de 2011
Sou uma mulher madura
Que às vezes anda de balanço
Sou uma criança insegura
Que às vezes usa salto alto
Sou uma mulher que balança
Sou uma criança que atura
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Feliz dia internacional da mulher !!!
- Cora Coralina.
segunda-feira, 7 de março de 2011
Incelença Pro Amor Retirante
A terra, o lugar
Que você abandonou
Inda ouço murmurar
Nunca vou te deixar
Por Deus nosso Senhor
Pena cumpanheira agora
Que você foi embora
A vida fulorô
Ouço em toda noite escura
Como eu a sua procura
Um grilo a cantar
Lá no fundo do terreiro
Um grilo violeiro
Inhambado a procurar
Mas já pela madrugada
Ouço o canto da amada
Do grilo cantador
Geme os rebanhos na aurora
Mugindo cadê a senhora
Que nunca mais voltou
Ao senhô peço clemência
Num canto de incelença
Pro amor que retirou.
Faz um ano in janeiro
Que aqui pousou um tropeiro
O cujo prometeu
De na derradeira lua
Trazer notícia sua
Se vive ou se morreu
Derna aquela madrugada
Tenho os olhos na istrada
E a tropa não voltou.
( ... Xangai
"Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-lhe e respeitando-lhe até que a morte os separe?"
Simplista e um pouco fora da realidade. Veja, aqui, novas sugestões de sermões:
Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
Promete saber ser amiga e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso lhe transforme numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para lhe ajudar, assim como você a ela?
Promete se deixar conhecer?
Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
Promete que não falará mal da pessoa com quem casou só para arrancar risadas dos outros?
Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?
Sendo assim, declaro-os muito mais que marido e mulher: declara-os maduros
Martha Medeiros
domingo, 6 de março de 2011
Fera
Morena bela
Pra que ser tão bela assim?
Tanta beleza é ruim
Quem te vê se desespera
És uma fera
Não quero te ver jamais
Gente assim Deus é quem faz
E o Diabo é quem tempera
Ah, quem me dera
O teu beijo não ser doce
E se teu semblante fosse
Igual ao da besta- fera
Pura quimera
Morena do traço fino
Por azar do meu destino
Tu não és uma megera
Quem sou, quem era
Já brinquei Maracatu
Hoje eu sou um papa- angu
Com a cara de pantera
Quem te venera
No final fica perdido
Como um vulcão esquecido
No fundo de uma cratera
Olhando a esfera
A cigana me falou
Que se perdido eu estou
Meu destino não se altera
Carrego a fera
Que do céu já estou expulso
E hoje, nem que seja a pulso
Levo pra minha tapera
( ... Mestre Ambrósio